A Natureza cria no homem uma multiplicidade de sensações e emoções capazes de despertar os sentimentos mais antagónicos – desde o prazer proporcionado pela contemplação da beleza, harmonia e equilíbrio naturais, até ao terror e impotência gerados por catástrofes e fenómenos naturais - tudo pode ser vivenciado pelo homem no seu contacto com a Natureza.
No início dos tempos, os mitos primordiais permitiram ao homem restaurar a harmonia quebrada, recuperar a estabilidade e segurança perdidas, garantindo-lhe o seu lugar ontológico, definindo atitudes, comportamentos e valores.
A perda de contacto com os mitos primordiais, por vezes, tão irrelevante para a actual sociedade tecnológica, fez-nos perder todo o saber ingénuo, mas eficaz, para conhecer e compreender o verdadeiro significado da vida, contribuindo para que a nossa relação com o ambiente natural se tenha tornado tão desequilibrada.
A história de Prometeu deveria lembrar-nos que o poder tecnológico que o homem tem acumulado se tornou quase divino, correndo o risco de com ele destruir o seu próprio mundo.
O poder do homem actual é aterrador!
Ao quebrar os laços com a Natureza, o homem quebra o elo da cadeia que o liga a essa harmonia e equilíbrio de forças assentes em leis naturais e inexoráveis.
O homem, longe de se submeter ao jogo de forças da natureza, tem vindo progressivamente a impor a sua condição de “sapiens sapiens”, criando novas regras justificadas pelo lugar particular que ocupa na cadeia dos seres.
Autodenominando-se o ser mais inteligente do Universo, desde sempre o homem fez do saber um poder que nem sempre tem sabido gerir de forma responsável, sobrepondo interesses económicos, políticos, e sociais à preservação da Natureza, tornando-se, por isso mesmo, cada vez mais vulnerável, ainda que o oculte sobre a forma de poder e domínio.
Como só preservamos aquilo que conhecemos é , sem dúvida, indispensável um aumento de conhecimentos sobre o Planeta e a vida em geral, porém aos esforços da ciência urge associar rápidas mudanças de atitudes e de comportamentos.
A mudança não pode ser um processo unicamente racional e intelectual.
Em nome do progresso têm sido cometidas verdadeiras atrocidades em relação à Natureza e ao próprio homem: guerras, violações dos direitos humanos, destruição de ecossistemas, extermínio de espécies animais e vegetais, poluição, são alguns dos exemplos frequentes que, pela habituação, já quase se banalizaram, conduzindo-nos à indiferença e passividade.
MarK Twain afirmou : “ O homem é o único animal que cora: ou que tem motivos para isso.”
Talvez seja a vergonha que obrigue a tantas declarações de intenções, a tantos compromissos político-sociais, a tantas promessas por cumprir.
Temos ao nosso alcance fazer do Planeta um paraíso ou um inferno, a resposta a esse desafio conta com todos os elos da imensa cadeia da vida, a decisão será de cada um !