A emoção e os sentimentos constituem a base daquilo que os seres humanos têm descrito desde há milénios como alma ou espírito humano.(...)
É bem sabido que, sob certas circunstâncias, as emoções perturbam o raciocínio. As provas disso são abundantes e estão na origem dos bons conselhos com que temos sido educados. Mantém a cabeça fria, mantém as emoções ao largo! Não deixes que as paixões interfiram no bom juízo. Em resultado disso, concebemos habitualmente as emoções como uma faculdade mental supranumerária, um parceiro do nosso pensamento racional que é dispensável e imposto pela natureza. Se a emoção é aprazível, fruímo-la como um luxo; se é dolorosa, sofremo-la como um intruso indesejado. Em qualquer dos casos, o conselho dos sábios será o de que devemos experenciar as emoções e os sentimentos apenas em quantidades adequadas. Devemos ser razoáveis.
Damásio, António, O Erro de Descartes, Publicações Europa-América
1 comentário:
Depois de Merleau Ponty, Damásio deu uma grande "machadada" na concepção mentalista do ser humano. De facto, nós também somos corpo e emoção. Provavelmente são estas as dimensões que mais nos "movem" como humanos!?
Luís Mourinha
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